I Carta do Emigrante








Newcastle, 27 de Setembro de 2006


Olá meus compinchas,


Aqui estou eu, na cidade mais a norte deste belo país denominado por Inglaterra ou bife-land!

Pois é, por entre vários destinos paradisíacos, acabei por escolher esta ilha remota localizada algures no Atlântico Norte. A cidade escolhida tinha de ser uma das mais “puras e duras” do país – Newcastle!
Terra bonita, com a 8ª melhor noite do mundo (!!!), embora com condições atmosféricas e custo de vida austeros.

À excepção das bejecas (4/6euros!), da comida, dos preços de concertos e jogos de futebol, das viagens e das propinas, tudo o resto é acessível??!!!!! Sim, os palitos são baratos…
A gente…é barriguda, pálida, de pronúncia Geordie (pronúncia local q se assemelha ao Escocês, e que tem inclusive um dialecto próprio; nem mesmo os Ingleses de fora a conseguem compreender) e sempre ansiosa pela próxima piela!São terríveis para os copos, estes malandros.

Habituarmo-nos aqui ao sítio demora algum tempo; pormenores como o sol (ou a falta dele), o ritmo circadiano completamente alterado (no Inverno anoitece às 15h45, no Verão às 23h), a língua – não é o Inglês que ouvimos nos filmes – e os amigos que ficaram para trás são obstáculos a ultrapassar diariamente.
As minhas saudades do surf e da minha moça também tornam a luta mais árdua.

Mas nada que o típico tuga não aguente! Aliás, isto só poderia ser interessante assim com desafios.
A nossa capacidade de adaptação pela improvisação é-me cada vez mais óbvia! Realmente, só não chegámos à lua com as caravelas porque o Infante D. Henrique ainda não tinha descoberto o canivete suíço!

Quanto mais tempo passo aqui, mais tenho a certeza que nós Portugueses temos potencialidades para muito mais. Damos cartas onde quer que vamos; não nos “acagaçamos” com a falta de recursos (não conheço mais nenhum país que tenha o ditado “quem não tem cão, caça com gato”!); e a nossa capacidade de socializar elimina quaisquer barreiras geográficas/raciais.

O futuro próximo passa pelas mãos da nossa geração!

Ou seja, o caminho é árduo e muitas dificuldades nos esperam.
Mas também, cabos das tormentas há já muito que fazem parte da nossa vida.

Não nos podemos deixar obcecar em andar para a esquerda ou para a direita; há muito, muito tempo, que este país anda enviesado.Para a frente é que é caminho…

Considero ser mais importante lutarmos por sermos pessoas mais conscientes, com espírito mais aberto e com mais abertura para a mudança.

O futuro espera-nos! Mas temos de nos preparar para ele o melhor possível!
Não tenhamos medo dele…

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